Documentos liberados pela
Arquidiocese de Chicago revelam anos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes
e a omissão da Igreja Católica
Na última semana a Arquidiocese de Chicago liberou ao público milhares
de documentos recolhidos de seus arquivos que revelam uma longa história de
abusos sexuais cometidos por padres, e também revela a omissão de bispos e
outros líderes eclesiásticos diante dos casos.
Os documentos forma liberados na internet como
parte de um acordo judicial, e lista casos de abuso cometidos por cerca de 30
sacerdotes da arquidiocese até o ano de 1996. Na maioria dos casos, os
sacerdotes envolvidos já faleceram ou foram expulsos do
ministério. Porém, também na maioria dos casos as acusações nunca foram levadas
a um tribunal criminal. Os documentos sugerem ainda que os oficiais da igreja
eram, por vezes, bastante solícitos para com os padres acusados de abuso.
Após a publicação dos documentos, a Arquidiocese de Chicago publicou em
seu site um comunicado pedindo desculpas novamente por abusos cometidos por
padres.
- Nós vemos a informação incluída nesses documentos como preocupante. É
doloroso ler. Não é a Igreja que conhecemos ou a Igreja que queremos ser –
disse o comunicado.
Entre os casos revelados pelos documentos está o do Rev. William J.
Cloutier, acusado de estuprar um menino de 13 anos em sua casa de verão, e que
usou uma arma para ameaçar matá-lo se ele contasse para alguém; outro é o do
reverendo Robert C. Becker, que levou um grupo de meninos para um trailer,
onde, segundo eles, dormiu ao lado deles e molestou-os. Entre os muitos casos
chocantes, está também o do Rev. Joseph R. Bennett acusado de estuprar uma
menina com o cabo de uma patena, um prato usado para armazenar pão eucarístico.
Poucas horas depois da divulgação dos documentos, vítimas de abuso e
seus advogados se reuniram no salão de um hotel no centro de Chicago, alinhados
em frente a cartazes e uma tela de vídeo mostrando fotografias de padres
acusados de abusar de menores. Ao lado de uma estante foram colocadas três
caixas de papelão cheias de cópias dos arquivos.
O advogado Jeff Anderson, que tem representado inúmeras vítimas de
abusos sexuais do clero em todo o país, disse que os documentos mostrava um
“sistemático e contínuo padrão de décadas de escolhas conscientes por altos
funcionários da arquidiocese”, e argumentou que os oficiais da igreja foram
cúmplices no abuso quando não atuaram para remover os abusadores do ministério.
Anderson afirma que a prioridade da Igreja foi “a proteção dos criminosos e da
reputação da Arquidiocese”.
De acordo com o The Ney York Times, Arquidiocese de Chicago já pagou
mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 236 milhões) em indenizações às vítimas de
abusos sexuais nos últimos 25 anos, despesa essa que foi paga com a venda de
propriedades e uma recente emissão de bônus.
Segundo a Agência EFE, um estudo realizado pela Conferência de Bispos
Católicos dos EUA indicou que entre os anos de 1950 a 2002 foram feitas 11 mil
acusações contra 4.393 sacerdotes nos Estados Unidos, o que representa
aproximadamente 4% dos clérigos em serviço no período coberto pela análise.
Por Dan Martins, para o Gospel+
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