terça-feira, 22 de abril de 2014

O Rosário.


E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos; não vos assemelheis, pois, a eles …” (Mt 6.7,8).
As pessoas não-evangélicas, quando lêem a Bíblia e se deparam com os ensinamentos de Jesus, em Mateus 6.5-15, sobre como se deve orar, não têm a atenção voltada para o que está nos vv 7 e 8. Neles consta que não devemos usar de vãs repetições, segundo o costume dos gentios, os quais pensavam que, por suas repetições sucessivas, seriam ouvidos. Mas quem eram os gentios? Eram os que não faziam parte do povo de Deus. Jesus estava dizendo, em outras palavras, o seguinte: “E ao conversar com Deus, não usem de repetições ocas, vazias, fúteis, sem valor, como os pagãos, os idólatras; porque imaginam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos; não se tornem, pois, semelhantes a eles; não os imitem…”
A ênfase não recai apenas na palavra vãs, mas também em repetições. É certo que Paulo disse: “Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5.17,18), mas aqui é diferente, pois o apóstolo nos está incentivando ao costume incessante da oração, principalmente com o fim de louvarmos a Deus, o que a maior parte das pessoas se esquece de fazer, preocupadas apenas em pedir.
Oração é conversa franca, espontânea e respeitosa com Deus, louvando-o, agradecendo-lhe e fazendo-lhe pedidos. É também adoração. Adorar, do latim adorare, significa fazer oração. Sendo assim, como se trata de uma conversa com Deus e adoração a ele, jamais pode ser dirigida a um santo. E é lógico que nosso Pai quer que conversemos com ele com nossas próprias palavras, o que não acontece nas rezas. Normalmente os rezadores, em momentos alegres ou tristes, só conseguem repetir o Pai-nosso, a ave-maria e outras rezas ensinadas pela igreja. Não sabem falar com Deus, espontaneamente.
Por que Jesus condenou o uso de repetições de frases? Além de a maior parte das pessoas não dizerem o que lhes está no fundo do coração, pois apenas decoram e repetem o que outrem escreveu, nem sempre apropriado para o momento, trata-se de invenção dos gentios, os quais criaram e usavam uma espécie de rosário para se dirigir a seus deuses. Ralph Woodrow, falando da origem do rosário, esclarece:
“A The Catholic Encyclopedia diz: ‘Em quase todos os países, então, encontramo-nos com algo na natureza de contas de oração ou contas de rosário.’ Continua até citar um número de exemplos, incluindo uma escultura da antiga Nínive, mencionada por Layard, de duas mulheres com asas, rezando diante de uma árvore sagrada, cada uma segurando um rosário. Por séculos, entre os maometanos, uma corrente de contas consistindo de 33, 66 ou 99 contas tem sido usada para contar os nomes de Alá. Marco Pólo, no século treze, ficou surpreso de encontrar o rei de Malabar usando um rosário de pedras preciosas para contar suas orações. São Francisco Xavier e seus companheiros ficaram igualmente atônitos em ver que os rosários eram universalmente familiares aos budistas do Japão. Entre os fenícios um círculo de contas, parecendo um rosário, era usado no culto a Astarte, a deusa-mãe, em torno de 800 a.C. Esse rosário é visto em algumas moedas fenícias mais recentes. Os brâmanes desde tempos primitivos têm usado rosários com dezenas e centenas de contas. Os adoradores de Vishnu dão aos seus filhos rosários de 108 contas. Um rosário semelhante é usado por milhões de budistas na Índia e no Tibete. O adorador de Shiva usa um rosário sobre o qual repete, se possível, todos os 1.008 nomes de seu deus. Contas para contagem de orações eram conhecidas na Grécia Asiática. Tal era o propósito, de acordo com Hislop, do colar visto na estátua de Diana…” (Babilônia: a Religião dos Mistérios, pp. 27/28).
Tratando-se de costume pagão, o rosário não poderia ter entrado numa igreja que se diz cristã, o que aconteceu através de Pedro, o Eremita, em 1090 d.C. Ao invés de o rejeitarem, foi aceito como uma inovação, e esta, hoje, faz parte de suas tradições. Tertuliano (falecido em 230) já dizia que “Cristo se intitulou a Verdade, mas não a tradição… Os hereges são vencidos com a Verdade e não com novidades.” E Venâncio (ano 450), acrescenta que “inovações são coisas de hereges e não de crentes ortodoxos” (Raimundo F. de Oliveira, Seitas e Heresias, Um Sinal dos Tempos, p. 29,30).
Os católicos sempre fizeram uso do rosário. Muitos o chamam de terço. Usam-no, em miniatura, até mesmo como enfeite ou amuleto na lapela, sem terem analisado sua procedência nem se está de acordo com a Palavra de Deus, ainda mais que, na atualidade, um padre carismático incentiva, pela televisão, o uso do terço bizantino, o qual nos parece um método de repetição mais inconveniente que o outro, pois repete não a reza completa, mas cada palavra várias vezes seguidas.
Até à atualização feita em 2002 pelo papa João Paulo II, através da Carta Apostólica Rosaium Virginis Mariae, cada rosário – que continua sendo uma enfiada de cento e sessenta e cinco contas -, era composto de três blocos (por isso mesmo chamados de terços), cada um deles consagrado a honrar cinco mistérios da vida de Jesus e de Maria – ciclos litúrgicos:
· Primeiro terço: cinco mistérios gozosos ou da alegria – Finalidade: honrar a anunciação do arcanjo a Maria; a visita dela a Isabel; o nascimento de Jesus; a apresentação dele no templo/a purificação de Maria; e o menino encontrado entre os doutores;
· Segundo terço: cinco mistérios dolorosos ou da dor – Agonia de Jesus no horto; sua prisão e os açoites; a coroa de espinhos; seus passos carregando a cruz; e sua crucificação;
· Terceiro terço: cinco mistérios gloriosos ou da glória – Ressurreição; ascensão do Senhor; Pentecostes; assunção de Maria (?); e coroação da Virgem como Rainha do Céu e da Terra (?).
Acontece que, a partir da atualização feita pelo papa, lhe foi introduzido mais um grupo de mistérios: os luminosos ou da luz – Jesus sendo batizado no rio Jordão; ele nas bodas de Caná, quando transformou a água em vinho; ele anunciando o reino de Deus e convidando à conversão; sua transfiguração no monte Tabor; e a Santa Ceia, com a instituição da eucaristia.
Porém João Paulo II não notou que, com a inclusão de mais um bloco – também composto de cinco mistérios -, estaria criando o “quarto terço”, o que, no caso, é impossível, pois se trataria um rosário inteiro (três terços) e de mais um pedaço (um terço) em separado. E, para haver o quarto bloco, os tradicionais “terços do rosário” teriam, pela lógica e bom senso, de deixar de existir.
Soubemos que, em vista disso, teria sido ventilada a possibilidade de serem os novos cinco mistérios distribuídos entre os três “terços” antes existentes. Mas isso também seria incoerente.
Vejamos:
a) Não daria resultado exato a divisão dos novos cinco mistérios entre três blocos. Dois destes, por exemplo, passariam a ter sete mistérios e um apenas seis. De qualquer outra forma que fosse feita a divisão sempre haveria pelo menos um bloco menor que os outros, com o que não poderiam ser chamados de “terços”, pois, para tanto, todos deveriam ter quantidades exatamente iguais.
b) Além disso, se os mistérios luminosos fossem distribuídos, não mais se poderia dizer que o primeiro terço seria composto de mistérios gozozos, o segundo de dolorosos nem o terceiro de gloriosos, pois, entremeados aos três haveria mistérios luminosos.
Um católico, que responde perguntas sobre sua igreja pela internet e ataca os evangélicos, disse que o Vaticano fez apenas sugestões, deixando a cada fiel a decisão de manter o rosário como sempre foi ou acrescentar-lhe os mistérios luminosos. Cremos não ser isso possível. Tanto assim que um padre disse que a “a solução é simples e já vem sendo adotada pelo próprio Papa e por algumas comunidades. A Palavra Rosário significa um punhado de rosas. O Rosário é dividido em quatro coroas. Aliás, a expressão ‘coroa de Nossa Senhora’ sempre foi usada na Igreja para significar o antigo terço. Então, daqui para frente, o Rosário será dividido em quatro coroas…” Ele deve ter dito “antigo terço” baseando-se em que coroa era um rosário composto de sete padres-nossos e sete dezenas de ave-marias.
Se foi dito que “a solução é simples e já vem mesmo sendo adotada” pelo pontífice, é sinal de que concordam que houve erro ou, pelo menos, problemas. Mas nem os auxiliares papais que, segundo dizem, são de elevadíssima cultura, notaram isso? Se o papa falhou em uma simples e fácil fração, cometendo erro primário, como podem continuar a achá-lo infalível, inclusive em questões difíceis?
Mas perguntamos: Alguém tem dito que vai “rezar o quarto” ou “rezar a coroa”? O que continuamos a ouvir, de modo geral, seja de cultos ou iletrados, é “rezar o terço”. Inclusive no opúsculo O Novo Rosário, com os Mistérios da Luz, 4.ª ed, Paulus. 2002, no “Oferecimento” (p. 7), deparamo-nos com o seguinte: “Divino Jesus, nós vos oferecemos este terço que vamos rezar…” Já em pleno vigor os quartos, continuam a chamá-los de terços. É ilógico alguém dividir qualquer coisa em quatro partes e, ainda assim, dizer que cada uma delas corresponda a um terço. O sistema fracionário perderia toda a lógica. Com isso, acontece mais uma coisa incrível e absurda no catolicismo: João Paulo II passa para os católicos que 1/4 agora é igual a 1/3. E eles têm aceitado, alguns talvez sem o notar.
Se o católico passar a dizer: “Vou rezar o quarto”, alguém poderá interpretar que irá exorcizar um compartimento de dormir. Mas se disser: “Vou rezar a coroa”, poderá parecer que estará usando gíria, ou seja, estará dizendo que irá rezar uma solteirona ou uma senhora idosa, o que poderá parecer abuso com as coisas de Deus. E o pior: em algumas regiões, “rezar a coroa” é o mesmo que rezar a glande, a cabeça do pênis.
Rezas com terços, principalmente quando por determinação do padre como penitência, ganham aspecto de castigo. Oração, porém, nunca deve ser vista como punição, mas como necessidade e prazer.
Jesus, logo após ter condenado as vãs repetições, deu-nos um modelo de oração, que é o Pai-nosso (Mt 6.9,13). Isso demonstra que este não deve ficar sendo repetido sucessivamente, como acontece no rosário. Ele ainda esclareceu que “de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo” (Mt 12.36). Como palavras frívolas e vãs significam a mesma coisa, os rezadores se surpreenderão na presença de Deus, pois, em lugar de ser justificados, terão de prestar contas de seu erro, uma vez que, mesmo que aleguem ignorância, “Deus jamais inocenta o culpado” (Na 1.3). Não é porque alguém julga que alguma coisa agrada a Deus que deverá praticá-la sem antes confrontá-la com as Escrituras, pois “há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14.12).
Os adeptos de repetições, como as do rosário, se justificam citando os Salmos 118.1-4 e o 136 (Bíblia de Jerusalém: 117.1-4; 135). Mas os Salmos são textos poéticos, escritos para ser cantados. A expressão neles repetida foi usada pelos cantores à frente do exército (2 Cr 20.21). Também a cantaram os sacerdotes e levitas quando foram lançados os alicerces do templo em Jerusalém (Ed 3.11). Mesmo assim, devemos notar o seguinte: no 118, as tribos, umas após as outras, iam dizendo a frase; não a repetiam. No 136, ela era repetida complementando o sentido das diversas outras nunca iguais.
Outros se justificam dizendo que Jesus, no Getsêmani (Mt 26), teria repetido uma oração três vezes. Todavia, se examinarmos o texto, veremos que não foram frases idênticas, embora o pedido o fosse. Muito menos decoradas. Ele estava conversando com o Pai.
Se você quer orar, saiba que na Bíblia inteira, da primeira à última página, orações são dirigidas só a Deus. No Antigo Testamento, elas não eram feitas em nome de Jesus Cristo pelo fato de que ele ainda não tinha vindo ao mundo como homem para nos salvar e ser nosso único Mediador (1 Tm 2.5) – aquele que intervém em nossa reconciliação com o altíssimo -, e vive “sempre para interceder” por nós (Hb 7.25), além de ser nosso Advogado (1 Jo 2.1).
Vindo ele, em seus ensinamentos confirma, como não poderia deixar de ser, que devemos pedir diretamente ao Pai, porém agora através de seu nome (Jo 14.6,13; 15.16; 16.24). Apenas uma vez, em João 14.14, ele abre uma exceção, dizendo: “Se me pedirdes alguma coisa, em meu nome, eu o farei”. Em outros termos, ele ensinou que devemos pedir diretamente ao Pai, em seu nome, mas se lhe pedirmos (a ele, Jesus) alguma coisa, ainda assim não deveremos utilizar o nome de ninguém mais a não ser o dele, que ele nos atenderá.
Não obstante a igreja católica determinar que sejam rezadas atualmente, pelo rosário, duzentas ave-marias, vinte Pais-nossos (dez vezes mais a ela que a Deus) e que sejam dadas vinte glórias ao Pai (sem se mencionar o imprescindível nome Jesus nem ao menos uma única vez sequer), afirmamos que Cristo jamais ensinou que devemos ir a si através de Maria. Isso é acréscimo feito por homens. A Bíblia assim se expressa com relação a quem os faz: “Nada acrescentes às suas palavras (de Deus), para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso” (Pv 30.6).
Não podemos fazer orações a nenhum morto (no caso, “santos”), pois, segundo vimos, além de orações só poderem ser dirigidas a Deus, a Bíblia proíbe que consultemos quem já faleceu (Dt 18.11,12). E orações, promessas, rezas, pedidos, etc., a quem já partiu deste mundo são bem mais que consulta.
Não use frases decoradas, escritas por quem você nem ao menos conheceu. Converse com o Altíssimo como você conversaria com um pai amigo, que está disposto a ouvi-lo a qualquer hora e sem burocracias. Orações feitas em desacordo com o que ele estipulou acabam sendo desobediência, pecado.
Roosevelt Silveira

A Eucaristia Católica.


 Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha.” I Co 11.26
A Eucaristia é o dogma Católico com o qual os fiéis têm um maior relacionamento. O sacramento eucarístico é ministrado em toda e qualquer celebração da missa, seja uma missa normal ou com algum objetivo em especial.
A Eucaristia é considerada o ápice da celebração da missa. É o momento do sacrifício, sentido único da missa. Neste momento, os fiéis seguem um rito repetido a cada missa, esperando o momento da distribuição da hóstia consagrada, que é levada à boca e engolida sem poder ser mastigada.
Nós Evangélicos compartilhamos de tal ensinamento de Jesus com os Católicos. No entanto, nossa Ceia é diferente em essência e propósito. Neste capítulo, eu gostaria de mostrar as razões de tal diferenciação, comparando a doutrina Católica eucarística com a doutrina da Ceia do Senhor disposta na Bíblia.
Antes de prosseguirmos, devemos nos familiarizar com três termos que serão muito usados neste capítulo:
Hóstia
A Hóstia é a substituta do Pão da ceia. Trata-se de um pão ázimo (ou sem fermento) circular, de cerca de 3 cm de diâmetro para os fiéis e 7,8 cm de diâmetro para os Sacerdotes, feito com farinha de trigo e água. Existem vários tipos de hóstia, com vários desenhos. A mais comum contém três letras: JHS. Estas três letras vem do latim Iesus Hominun Salvator que significa “Jesus Salvador dos Homens”. É muito conveniente tal nome, pois segundo ensina o Catolicismo, é este “pão ázimo circular” que vai se transformar em Cristo.
Vinho
O vinho foi usado durante muitos anos na Eucaristia Católica até o Concílio de Trento, onde o pão passou a ser o único emblema na Eucaristia. Mesmo assim, me lembro de que, quando ainda era Católico, ter estado presente em uma missa onde o sacerdote dava o pão e o vinho aos fiéis. Não sei se esta prática é comum em outras paróquias, mas como doutrina oficial, só o pão deve ser usado, deixando o vinho apenas para o sacerdote.
O vinho, segundo a doutrina Católica, se transforma no sangue de Jesus.
Transubstanciação
Transubstanciação é exatamente o que a palavra sugere: uma mudança de substância. Segundo ensina o clero Católico, a Hóstia consagrada muda de substancia passando de pão para a carne, alma e divindade de Jesus Cristo. Como essa mudança acontece? Isso ninguém sabe, nem o clero Católico se atreve a tentar dar uma explicação. É por isso que quando o Sacerdote termina a consagração da hóstia ele ergue o artefato e diz: “Eis o mistério da nossa fé”. Este dogma está em vigor oficialmente desde 1215 d.C e é um dos dogmas mais enraizados nos fiéis Católicos.
Nas próximas páginas, iremos analisar o dogma eucarístico Católico à luz da Bíblia procurando encontrar a verdade à respeito da Eucaristia instituída por Jesus. Peço que o caro leitor leia com atenção e examine cada argumento e cada ideia de forma sincera, sabendo que toda a verdade está contida na Palavra de Deus, pois “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho” (Sl 119:105).
Repetindo o sacrifício de Cristo
Quando a Igreja celebra a Eucaristia, rememora a páscoa de Cristo, e esta se toma presente: o sacrifício que Cristo ofereceu uma vez por todas na cruz torna-se sempre atual: “Todas as vezes que se celebra no altar o sacrifício da cruz, pelo qual Cristo nessa páscoa foi imolado, efetua-se a obra de nossa redenção.””
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1364
Na Eucaristia, Cristo dá este mesmo corpo que, entregou por nós na cruz, o próprio sangue que “derramou por muitos para remissão dos pecados” (Mt 26,28).”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1365
    Jesus instruiu a Ceia como uma lembrança de sua morte da mesma forma que a páscoa era celebrada pelos Judeus para lembrar a saída de Israel do Egito. A Igreja Católica acrescenta muitos outros significados a esta celebração como veremos a seguir.
    A Bíblia ensina que Jesus ofereceu-se uma só vez para lavar os pecados : “também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos,“ (Hb 9:28). A Igreja Católica sabe disso, no entanto, ela afirma que “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício” (Catecismo da Igreja Católica, 1368). Isto é, a cúria Romana ensina que o sacrifício realizado nas missas é o mesmo que Cristo ofereceu no calvário. Na eucaristia, o único sacrifício de Cristo é repetido todos os domingos e festas de guarda.
A questão aqui está no significado da Eucaristia. Alguns dizem que Eucaristia e Santa Ceia não têm diferença, mas eu creio que sim. Nós Evangélicos acreditamos que a ceia foi instituída para lembramos do sacrifício de Jesus no calvário, sua ressurreição em prol de nossa salvação e de sua eminente volta. Ensina a Igreja Católica que a Eucaristia é um sacrifício que tem poder de perdoar pecados e dar a vida eterna. Como se vê claramente, as duas diferem em essência e propósito. Falaremos da essência mais à frente, mas agora vamos entender o propósito da Ceia.
A palavra no original grego em Lc 22:19 para memória é anamnesis (do original grego “αναμνησιν”) que significa relembrar, trazer à memória, lembrar-se. Esta palavra só é usada nos versos que tratam da Ceia (Lc 22 e 1Co 11).
Podemos concordar com o Catolicismo ao dizer que rememoramos a morte de Cristo, mas não podemos concordar que o sacrifício se torna presente, isto é, esteja acontecendo naquele momento. Paulo, em 1Co 11:23-34, fala sobre a Ceia mas não fala nada sobre um sacrifício de Cristo que se torna presente. A Ceia tem muito a ver com a páscoa judaica, mas os Judeus não comemoravam a páscoa como se ela se tornasse presente. Os Judeus comemoravam a páscoa para se lembrarem do dia em que Deus matou os primogênitos do Egito causando a libertação do povo de Israel; como Deus disse a Moisés: “E este dia vos será por memorial,” (Êx 12:14). Deus ainda exemplifica claramente: “E quando vossos filhos vos perguntarem: Que quereis dizer com este culto? Respondereis: Este é o sacrifício da páscoa do Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios, e livrou as nossas casas.” (Êx 12:26-27).
O livro de Hebreus nos fala de uma forma bem explícita sobre este assunto. A Igreja Católica frequentemente utiliza termos judaizantes para inferir a Eucaristia (sacrifício, sacerdote, altar e etc), portanto, o livro de Hebreus se encaixa perfeitamente na refutação das ideologias Católicas. Vamos analisar alguns textos do livro de Hebreus:
1)      Hebreus 9:26-28
O texto diz  “Mas Cristo, tendo vindo como sumo sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito tabernáculo (não feito por mãos, isto é, não desta criação),  e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção.“(grifos acrescentados).
A primeira expressão grifada diz que Jesus entrou no santo lugar Havendo obtido uma eterna redenção. O verbo está no passado, isto é, depois de ter obtido, após obter. Fica claro que não é necessário que Jesus se entregue novamente para obter a salvação para ninguém. A segunda expressão grifada diz que Jesus obteve uma eterna redenção. Isso significa que a redenção obtida por Jesus na cruz tem valor eterno e é sempre atual, não precisando ser renovada, repetida ou atualizada.
Caro leitor, pense nisto: Se a eucaristia torna presente o sacrifício de Jesus, ele elimina o anterior? Ou é uma repetição do anterior?  Se Jesus se manifesta na hóstia, não estaria ele sendo crucificado novamente? Não seria a eucaristia somente uma lembrança do que Jesus fez?
2)      Hebreus 9:26
O texto diz: “doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo “ (grifos acrescentados).
O texto diz que Jesus se manifestou uma vez por todas. Desta forma, a manifestação de Jesus em carne para oferecer-se como sacrifício pelos pecados ocorreu apenas uma única vez. O texto ainda afirma que Jesus se manifestou para aniquilar o pecado. Essa expressão é bem clara: aquilo que foi aniquilado não pode ser aniquilado novamente. Jesus se manifestou para aniquilar o pecado apenas uma vez, não sendo necessária uma nova manifestação para aniquilar o pecado, visto que este já foi tirado do povo de Deus, como ensinado no texto de Hebreus 10:14 “Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados”. Diante disto pergunto: A Eucaristia seria uma manifestação presente de Jesus para aniquilar o pecado? Ou apenas uma lembrança do que Jesus fez?
3)      Hebreus 10:18
Diz o texto em questão: “Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado”. Esse versículo deixa claro que Jesus já pagou por nossos pecados e que não há mais sacrifício pelo pecado. Portanto, a Eucaristia é uma perversão do sacrifício vicário de Cristo na cruz. Como Jesus pode manifestar-se novamente na hóstia para se oferecer novamente pelo pecado se ele já fez isto? Ou será que a Eucaristia é apenas a lembrança do sacrifício de Jesus pelo pecado?
Lembro-me de ter visto uma vez um padre na televisão durante a transmissão de uma missa onde ele dizia que os Judeus, quando celebravam alguma festa (como a páscoa creio eu), eles o faziam com a consciência de que aquilo estava presente. No entanto, não há nada na Bíblia (e nem na cultura judaica pelo que sei) que indique isto. Jesus instituiu a ceia como lembrança de sua morte e não como um renovo ou algo parecido. Um memorial da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, não tem o propósito de torna-la atual, mas apenas de servir de objeto de lembrança de algo que aconteceu. A Eucaristia instituída por Jesus tem o mesmo sentido.
Tomar e comer dos emblemas da ceia não significa sacrificar algo – no caso o próprio Jesus segundo ensina o Vaticano – em prol de nossa salvação e perdão de pecados; significa lembrar e reconhecer profundamente o significado da morte de Jesus e partilhar com os irmãos “de um mesmo pão.” (1Co 10:17).
Portanto, fica claro que Jesus ofereceu-se uma só vez por nossos pecados e que sua redenção feita na cruz tem duração eterna não necessitando de um novo sacrifício. O Vaticano ainda afirma:
A celebração litúrgica desses acontecimentos toma-os de certo modo presentes e atuais. É desta maneira que Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória dos crentes, para que estes conformem sua vida a eles.”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1363
     Como se da isso? Ora, memorial não é literal. Sobre isto, diz o Prof. Paulo Cristiano:

[A Eucaristia] Não foi dada para ser um sacrifício. Ela comemora o término do sacrifício do Calvário. Um memorial não é a realidade. É apenas para nos lembrar do real.”
  [HTTP://www.cacp.org.br – Catolicismo – Outras Doutrinas - A Missa]
     Se o caro leitor for Católico, peço que pondere sobre estas questões: o Catolicismo afirma que a Eucaristia é o sacrifício de Cristo tornando-se presente em prol da salvação e da purificação dos participantes da Missa. A Bíblia ensina desta forma? Será que o sacrifício da missa é real? Ou seria apenas uma lembrança? O que Jesus quis dizer quando afirmou: “fazei isto em memória de mim” (Lc 22:19)? Como uma memória pode ser presente? Quando uma estátua é erguida em memória de um soldado, aquela estátua é o próprio soldado? Ou apenas uma lembrança deste?
O pão contém vinho?
Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão somente sob a espécie do pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por motivos pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais habitual no rito latino.”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1390
    Diz acima o clero romano que quando alguém come somente o pão recebe plenamente o fruto de graça da Eucaristia. De uma maneira geral, o culto Católico eucarístico exclui o vinho da Eucaristia e isso se dá “por motivos pastorais”.
A Igreja Católica não se serve de bases Bíblicas para comprovar o uso apenas do vinho. Serve-se apenas do argumento de que a hóstia, sendo o corpo de Cristo (como creem), deve conter também seu sangue. À primeira vista pode parecer um argumento procedente, mas será que Jesus ao instruir a ceia desconhecia este fato? Jesus instituiu a ceia com duas “espécies”, a saber, pão e vinho (Mt 26:27; 1Co 11:28). Se ele sabia que carne contém sangue e sendo assim não necessitaria do vinho – sangue – de modo particular, por que instituiu o vinho na ceia? Se Jesus instruiu o vinho é porque ele deve ser utilizado assim como o pão na ceia.
Excluindo o vinho da ceia, o Catolicismo exclui de modo memorial o sangue de Jesus que foi derramado para nossa justificação ( veja 1Jo 1:7).  Sendo assim, os Católicos estariam privados da graça da Eucaristia. Gostaria de chamar atenção para o fato de que “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Deste modo, quando os Católicos celebram a Eucaristia sem o uso do sangue estão excluindo o sentido do sacrifício de Cristo.
O mais interessante em tudo isso é que Jesus instituiu a Ceia com o pão e o vinho (Mt 26:27; Mc 14:24; Lc 22:20) e tempos depois Paulo fala da ceia do Senhor com o pão e o vinho (1Co 11:25). Não há margem para mudar a “fórmula” da Ceia. Veja por exemplo o batismo: Jesus diz que deveria ser feito “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28:19). Seria válido se eu dissesse: “O batismo deve ser feito em nome de Deus, pois Pai, Filho e Espírito Santo são um único Deus”. Eu não estaria errado de afirmasse isto? Então como pode o Catolicismo estar certo afirmando que o pão contém o sangue, portanto não há necessidade do vinho? Certamente é um grave erro excluir o vinho da Eucaristia.
O Catolicismo interpreta as palavras de Jesus em João capítulo 6 como sendo parte da doutrina Eucarística. No episódio narrado nesse capítulo Jesus diz: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna.” (Jo 6:54); em contrapartida ele afirma: “se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos” (Jo 6:53). Ora, nos dois textos Jesus deixa bem claro que seu sangue é diferente de sua carne e ainda faz questão de citar os dois todas as vezes que ele usa tal expressão. Jesus ainda faz singela diferença quando diz “comer a carne” e “beber o sangue”. Então como o Catolicismo pode afirmar que o vinho não é necessário?
Não creio que Jesus esteja falando da Eucaristia em João capítulo 6 (como veremos mais à frente), mas como o Catolicismo crê e interpreta o texto como parte da doutrina Eucarística, portanto, creio que deveriam pelo menos ser coerentes com seus ensinamentos.
Se Jesus instituiu Pão e Vinho, a Ceia deve ser celebrada com o uso de Pão e Vinho e não somente um dos dois. Se Jesus disse Pão e Vinho, por que não usar o vinho?
A Transubstanciação
No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo“.”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1374
 “É ela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna presente em tal sacramento.”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1375
 “Pela consagração do pão e do vinho se efetua a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue. Esta conversão foi com muito acerto e propriedade chamada pela Igreja Católica de transubstanciação.”
Concílio de Trento, Sessão XIII, parágrafo 877
    O ápice dos equívocos na Eucaristia está na Transubstanciação. Dizem que pela consagração ministrada pelo sacerdote celebrante, a hóstia (emblema do pão) transforma-se no real corpo de Cristo. Isto é, a hóstia deixa de ser uma bolacha sem fermento e passa a ser Jesus Cristo; com seu corpo, alma e divindade total.
Tal ideia é absurda à luz da Bíblia. A Igreja Católica cita as palavras de Jesus quando ele diz: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu;” (Jo 6:51); e em outra parte: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.”  e “isto é o meu sangue,” (Mt 26:26,28). Servem-se disso para afirmarem que a transubstanciação é Bíblica.
Esse absurdo teológico do qual depende toda a Igreja Católica (como afirmou o papa João Paulo II) é um equívoco sem igual. Dentro deste quadro podemos ver algumas aberrações à doutrina cristã verdadeira:
a)      Canibalismo
Sim caro leitor, se a hóstia depois de transubstanciada no corpo de Jesus for ingerida, seria o mesmo que comer o corpo literal de Jesus. Desta forma, ingerir a hóstia seria o mesmo que comer literalmente a carne de Jesus.
O Canibalismo é o ato de um ser humano comer carne humana ou beber o sangue humano. Portanto, se alguém ingerir o corpo transubstanciado de Jesus na hóstia, estará praticando Canibalismo. É claro que os Padres Católicos não dizem desta forma, mas é o que ensinam. Mas Jesus não disse que deveríamos comer sua carne e beber o seu sangue? Sim, mas em sentido metafórico e não literalmente, como ensina o Catolicismo com a transubstanciação.
b)      Beber sangue
Deus proíbe o homem de comer ou beber sangue (em Lv 17:10-12 por exemplo) e por este motivo, em toda a Bíblia, nenhum homem fiel a Deus praticou tal ato. Isso no Antigo e no Novo Testamento quando em Atos 15:20 os apóstolos aconselham os gentios a se absterem de sangue. Por que motivo Jesus iria “mudar” a lei do Antigo Testamento dizendo aos apóstolos para beberem seu sangue? Como alguém pode se abster de sangue bebendo o sangue de Cristo de forma literal?
É claro que a doutrina da transubstanciação é absurda, mas os Teólogos que defendem o Catolicismo ainda tentam encontrar bases Bíblicas para essa aberração. Vamos analisá-las uma a uma:
1.      1.       Isto é o meu corpo
Esta frase dita por Jesus em Mt 26:26,28 é uma fortíssima prova de que Jesus estaria ensinando sua presença real no elemento do pão. Ledo engano. Só porque Jesus fez esta afirmação devemos tomá-la ao pé da letra? Então devemos também entender que quando Jesus disse “Eu sou a porta” em Jo 10:7,9 ele estava dizendo que era literalmente uma porta? Devemos crer que Jesus é literalmente uma videira (leia Jo 15:1,5) ? Devemos ainda crer que somos sal e luz de forma literal (veja Mt 5:1,3)?
É verdade que Jesus não disse que o pão era símbolo de seu corpo, mas também não disse que a porta e a videira era uma simbologia. Assim como dizer “Eu sou a videira” não torna Jesus uma árvore, dizer “Isto é o meu corpo” não torna Jesus um pedaço de pão.
1.      2.       Eu sou o Pão da Vida
Podemos encontrar esta frase sendo dita por Jesus em Jo 6:35. Como eu disse anteriormente, a Igreja Católica entende o capítulo 6 do livro de João como sendo parte da Teologia eucarística. Será que realmente é verdade? Será que João capítulo 6 tem relação com a eucaristia?
Segundo o contexto, as pessoas estavam seguindo Jesus só por que ele lhes garantia o alimento físico – a multiplicação de pães em Jo 6:14 – e não se importavam com o alimento espiritual. Quando Jesus disse a frase “Eu sou o Pão da Vida”, todos entenderam que ele falava simbolicamente (só o Catolicismo entendeu diferente), prova disso é que ninguém correu para mordê-lo. Jesus dizia que ele era o alimento, que as pessoas deveriam comer suas palavras, exemplo e ensinamentos para herdarem a vida eterna.
Jesus não estava falando da Ceia, mas de ensinamentos espirituais, nem sequer fazia alguma alusão à sua morte. Seus ensinamentos eram de caráter totalmente diferente dos empregados na Ceia.
1.      3.       Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida
Esta declaração está no verso 55 do capítulo 6 de João. A isto deixarei a Bíblia de Estudo Pentecostal responder:
Jesus é a Palavra (“Verbo”) viva (1:1-5). A Bíblia é a Palavra escrita (2Tm 3:16; 2Pe 1:21). Jesus é o “pão da vida” (v. 35) e em Mt 4:4 Ele disse: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus…’. Portanto, comemos a sua carne ao receber e obedecer à Palavra de Deus (v. 63).
[Bíblia de Estudo Pentecostal – Edição Comemorativa, 2011]
    O simbolismo apresentado aqui é extremamente comparativo ao alimento físico. Quando Jesus diz “verdadeiramente comida”, ele não diz “comida” no sentido do verbo comer e sim como uma comparação ao alimento físico, isto é, ela atua como comida. O alimento, quando ingerido, transforma-se em energia que nos dá sustendo a partir da quebra de nutrientes para manter nosso organismo. A Palavra de Deus também atua desta forma, só que em relação ao nosso espírito, dando-nos força, vida, sabedoria e sustentando nossa fé.
1.      4.       Não discernindo o corpo do Senhor
Paulo diz isto em 1Co 11:28. Porém, não há nada no contexto que indique que Paulo estava falando de uma transubstanciação. O contexto refere-se ao modo como os crentes de Corinto celebravam a Ceia – eles o faziam juntamente com as festas Ágape – onde os participantes se enchiam de comida e se embriagavam (v. 21) como faziam antes de se converterem, não discernindo o motivo real de suas reuniões (v. 17,18,20). Por isto eles deveriam se examinar antes de tomarem do pão e do cálice (v. 28), pois corriam perigo de tomarem a Ceia indignamente – fora do propósito para o qual fora estabelecida – tomando juízo de Deus sobre si. Paulo não fala nada sobre transubstanciação ou coisa parecida.
A simbologia do pão e do vinho é facilmente verificada. Mesmo quando eu era Católico não tinha para mim a hóstia como o corpo de Jesus. Mesmo após Jesus consagrar o vinho, Jesus continuou a tratá-lo como vinho e não como sangue, senão vejamos: “E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia…” (Mt 26:29). Veja a palavra sublinhada: “fruto da videira”; ele não disse “meu sangue”. Nota-se que Jesus consagrou o cálice nos verso anterior (v. 28), portanto aquele cálice deveria conter o sangue de Jesus (o texto de Mc 14:26-25 está da mesma forma), mas Jesus não disse que era sangue e sim “o fruto da videira”.
A este argumento sólido os teólogos Católicos ainda tentam se esquivar dizendo que havia dois cálices naquele dia. Baseiam-se para isso na narrativa de Lucas. Segundo eles afirmam, Jesus teria pego um cálice com vinho e dados aos discípulos (Lc 22:17-18) e então pronunciado esta frase (a de Mt 26:29, citada acima) e depois teria pego o outro cálice e consagrado tornando-o seu sangue (Lc 22:20).  No entanto, esta é uma interpretação tendenciosa. Na narrativa de Mateus, Marcos e Paulo só havia um cálice que foi consagrado. O interessante é que na narrativa de Lucas, após consagrar o cálice, Jesus não o dá aos discípulos. Isto indica que Lucas, ao escrever seu livro, primeiro narrou a ceia de forma geral e depois registrou as palavras de Jesus. Uma prova de que Lucas agiu assim é que, na narrativa de Marcos, Jesus dá o cálice para que todos bebam (v. 23) e enquanto faziam isso ele consagrava o vinho (v. 24). Eis o resumo cronológico da Ceia:
·         Eles começam a celebrar a páscoa normalmente (comendo e bebendo) – Mt 26:26; Mc 14:22; Lc 22:14
·         Jesus consagra o Pão e entrega aos discípulos – Mt 26:26; Mc 14:22; Lc 22:19
·         Jesus dá o vinho aos discípulos consagrando-o – Mt 26:27-28; Mc 14:23-24; Lc 22:17,20
·         Jesus chama o cálice consagrado de fruto da videira – Mt 26:29; Mc 14:25; Lc 22:18
Assim, Jesus desmantela a doutrina Católica da transubstanciação. Fora este fato, há mais algumas considerações que tornam a transubstanciação uma doutrina sem bases, senão vejamos:
Consideração 1
Se Jesus mudou aquele pão em seu corpo e o vinho em eu sangue e os deu para que os discípulos comessem, Jesus não estaria fazendo o sacrifício da cruz antes mesmo de ele ser realizado? Isto é, se a transubstanciação torna o sacrifício de Jesus sempre presente, como se estivesse ocorrendo naquele momento, Jesus não teria se sacrificado antes mesmo de morrer na cruz? Como Jesus pôde se entregar pelos pecados naquela última ceia antes de fazê-lo na cruz? Isso prova que Jesus utilizou-se dos emblemas apenas como simbologia de sua morte redentora.
        Consideração 2
Jesus tinha duas naturezas: Humana e Divina. O corpo físico de Jesus pertencia à natureza humana e não à divina (isso claramente se vê em passagens como Mt 4:2 e Jo 4:6). Portanto, seu corpo era finito e só poderia estar em um lugar ao mesmo tempo. Assim sendo, como o pão comido pelos apóstolos poderia ser o corpo de Jesus se ele estava sentado à mesa? Haveria dois corpos de Jesus naquele momento? Isso também constitui prova de que os emblemas eram simbólicos.
        Consideração 3
A Bíblia diz que o corpo de Jesus está no céu: “havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hb 1:3) e ainda em outra parte: “as este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus” (Hb 10:12). Assim, fica claro o corpo de Jesus está no céu e não pode ser trazido abaixo por nenhum sacerdote.
Jesus está conosco (Mt 28:20) mas em espírito, não em corpo. Então pergunto: o corpo físico de Jesus (que segundo o Catolicismo é a substância da hóstia consagrada) não é onipresente e não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Então como Jesus pode estar presente em corpo na hóstia e no céu ao mesmo tempo?
        Consideração 4
Outra coisa a se analisar é a substância. A hóstia é feita de trigo e água, mas mesmo depois de transubstanciada continua a ser trigo e água. Onde está o corpo de Cristo? Onde estão suas veias, pulmões, coração, pés, unhas, dentes? O clero Católico afirma que tal transubstanciação é invisível e espiritual, um mistério da fé. Ora, onde está tal raciocínio das escrituras? Jesus jamais ensinou uma coisa semelhante a esta.
Fica claro que a Transubstanciação é uma doutrina fantasiosa inventada pelo Catolicismo. É importante ressaltar que a base da existência da Igreja Católica está neste Sacramento. Jesus indicou claramente que a Ceia é uma simbologia de sua morte, feita para anunciar (do original “καταγγέλλω – kataggelloo”, que significa anunciar, proclamar, ensinar, promulgar) a morte de Cristo por nós.
Por fim, a Igreja Católica não tem bases para sustentar tal doutrina, nem mesmo na Sagrada Tradição. Isto se dá, pois os papas Gelásio I e Gelásio II não acreditavam em tal doutrina, assim como São Clemente e Santo Agostinho. O papa Gelásio I dizia: “A natureza do pão e do vinho não se alteram”. Agostinho parecia zombar de tal doutrina quando disse: “Não se pode engolir Aquele que subiu vivo para o céu”. Foi somente com o Papa Inocêncio III em 1198 que a transubstanciação foi implantada como dogma revelado da igreja, passando mais tarde a ser doutrina oficial do Catolicismo.
Caro leitor, como um dogma tão antibíblico pode ser ensinado pela Igreja? Pense nisto: Jesus não ensinou tal coisa, do contrário, a Bíblia registraria tal ensinamento. Jesus poderia ter dito: “Isto é a substância do meu corpo”, mas por que não o fez? Por que a Bíblia não registra a transubstanciação? Paulo não diz nada sobre tal doutrina, assim como os demais apóstolos. Se a Bíblia não ensina a transubstanciação, então por que crer nela?
Adoração à Hóstia Consagrada
“”Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. “A Igreja católica professou e professa este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a Missa, mas também fora da celebração dela,”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1178
Não há dúvida alguma de que todos os fiéis de Cristo, segundo o costume que sempre vigorou na Igreja, devem tributar a este santíssimo sacramento a veneração e o culto de adoração (latria), que só se deve a Deus [cân. 6].”
Concílio de Trento, Sessão XIII, parágrafo 878
    Nas duas transcrições acima, a Igreja Católica afirma que seus fiéis devem adorar a hóstia consagrada. Esta adoração, culto do qual só Deus é digno, é prestado à hóstia consagrada que supostamente é Jesus Cristo transubstanciado.
Será que a Bíblia ensina este tipo de culto? Se a hóstia consagrada realmente for Jesus Cristo transubstanciado a adoração é verídica. Agora, e se não for? E se a hóstia for apenas o que ela realmente é: água e trigo? Não seria um caso de idolatria? Agora pergunto: a hóstia consagrada é Jesus?
Algumas paróquias contém uma pequena lâmpada vermelha acima do altar que se ascende quando a hóstia é transubstanciada indicando a suposta presença real de Jesus no sacramento. Logo em seguida ouve-se o som de um sino no altar que indica que as pessoas devem se ajoelhar e adorar o Santíssimo Sacramento enquanto o Padre ergue o suposto Jesus de água e trigo. O mesmo acontece com o vinho. De repente a igreja inteira está de joelhos adorando um pedaço de pão.
Eu realmente fico impressionado com essa ideia! Para que Jesus esteja na hóstia, uma passagem da Bíblia mal interpretada já basta; agora, quando se trata de imagens, não se pode interpretar literalmente nenhum versículo da Bíblia. Ora, onde está o sentido nisso? O que é mais fácil interpretar literalmente: “Não fareis para ti imagem de escultura” ou “Isto é o meu corpo”? Convenhamos em concordar que a primeira frase tem muito mais sentido literal do que a segunda, porém, para o Catolicismo, a primeira não é literal quando a segunda é.
É desnecessário a essa altura dizer que só devemos cultuar a Deus. Jesus afirma as palavras de Deuteronômio 6:13 dizendo: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4:10). Nossa adoração e culto só podem ser dados ao único ser digno de tal coisa: Deus.
Pergunto aos Católicos sinceros: Jesus está realmente presente na hóstia? A Bíblia ensina tal coisa? Se Jesus não estiver na hóstia, adorá-la não seria pecado de idolatria? Então penso que todo Católico deveria dar mais atenção para estes detalhes, pesquisando e examinando sua fé mais a fundo e não só se contentando com o que lhes é ensinado por Roma. A Bíblia afirma que Deus “deseja que todos se salvem e venham ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2:4) e ele está disposto a apresentar tal conhecimento maravilhoso à todos aqueles que buscarem, pois ele mesmo diz: “Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29:13).
Conclusão
Vimos que a Igreja Católica ensina o seguinte referente à Eucaristia:
·         Na Eucaristia, o sacrifício de Jesus se torna real e presente;
·         Na Eucaristia deve-se usar apenas o Pão, pois a carne já contém o sangue;
·         A hóstia muda-se em corpo, alma e divindade de Jesus pela transubstanciação;
·         A hóstia deve ser adorada com culto de Latria (adoração)
A Bíblia não ensina nada sobre a presença real de Jesus na hóstia. Ela ensina que “o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão; e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” (1Co 11:23-25). Não há margem para entender literalmente as palavras de Jesus. Ele dizia: “Isto é o meu corpo”, ou seja, isto simboliza o meu corpo; da mesma forma que ele disse: “Eu sou a porta”, quando na verdade queria dizer que ele simbolizava a porta que leva ao céu. A transubstanciação é um absurdo teológico!
Se a eucaristia é um sacrifício, e já que Jesus celebrou tal sacrifício com os apóstolos antes de morrer na cruz, então o sacrifício de Jesus foi adiantado? Ele se sacrificou antes de morrer na cruz? Como ele poderia ter feito isso? Não seria isso um verdadeiro absurdo!?
Como vimos durante este capítulo, a transubstanciação não é uma doutrina fundamentada nas Escrituras Sagradas. A ceia ou Eucaristia é a rememoração do sacrifício de Jesus Cristo, onde ingerimos o pão simbolizando a morte de Jesus Cristo na cruz e ingerimos também o sangue, simbolizando o derramamento do sangue da Nova Aliança que nos purifica de todo o pecado. Esta é a Ceia ensinada por Jesus, em sua memória (Lc 22:19), para sua glória e para que lembremo-nos de que Jesus Cristo foi nosso cordeiro pascal (1Co 5:7), imolado por nossos pecados (1Co 15:3), mas que agora, vivo, intercede por nós junto ao Pai (Hb 7:25), de onde há de vir como prometeu (Jo 14:3).
O apóstolo Paulo nos ensina dizendo: “Ponde tudo à prova” (1Ts 5:21). Cabe a nós, baseados na Palavra de Deus que é “proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça;” (2Tm 3:16), julgar e testar todas as coisas para que não caiamos em ventos de doutrina e falsidades inventadas pelas mentes humanas ou inspiradas por demônios. Precisamos conhecer a “espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Ef 6:17) para que possamos resistir às tentativas do maligno de nos aprisionar em heresias, pois como o próprio Deus disse: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.” (Os 4:6).
Deus te ama e deseja que você viva a verdade do Evangelho da glória que ele tem oferecido. Lembre-se do que Jesus disse: “Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido,” (Jo 16:13). Peça ajuda ao Espírito Santo, para que ele lhe revele as verdades contidas na Palavra de Deus, e com toda certeza, ele irá fazê-lo.
Perguntas para meditação:
1.      A Bíblia ensina que a Ceia é o sacrifício de Jesus presente na celebração?
2.      Jesus ensinou que somente o pão é necessário para a celebração da Ceia? Se fosse, então por que ele também falou do vinho?
3.      A transubstanciação é Bíblica? Por que Paulo em 1Coríntios capítulo 11 não disse nada sobre ela?
4.      A frase “Isto é o meu corpo” tem sentido literal? E a frase “Eu sou a Porta”, tem sentido literal? As duas frases têm diferença? Se eu alguém apontasse para Jesus e dissesse “Isto é a Porta!”; Jesus o seria literalmente? Ou seria uma metáfora?
5.      Adorar os emblemas da Ceia é Bíblico? Por que a Bíblia não diz nada à respeito?
6.      Por que a Bíblia nas mostra nenhum caso da adoração do pão?
Extraído do livro “O Catolicismo Romano e a Bíblia” – Rafael Nogueira