O papa Francisco lançou a encíclica “Lumen Fidei” (“A Luz da
Fé”), a primeira escrita por dois papas: a primeira de Francisco e a última de
Bento XVI, que consta de quatro capítulos em 85 páginas: o primeiro,
“Acreditamos no amor”, sobre a escuta do chamado de Deus; o segundo, “Se não
crerdes, não compreendereis”, aborda a relação entre a fé e a verdade; o
terceiro, “Transmito o que recebi”, trata da nova evangelização; e o quarto,
“Deus prepara uma cidade para eles”, sobre fé e o bem comum.
O que é uma encíclica ou carta encíclica
(“epistolae encyclicae”/”litterae encyclicae”)? É um documento pontifício,
instituído por Bento XIV (1740-1758), dirigido aos bispos e, por tabela, aos
fiéis. É através de uma encíclica que o papa exerce o seu magistério ordinário.
A “Lumen Fidei”, que oficializa o ponto final das ideias
ratzingerianas na Santa Sé, foi escrita por Bento XVI para completar a sua
trilogia sobre as três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade –
“Deus Caritas Est” (“Deus é amor”, 2005) e “Spe Salvi” (“Salvos na
esperança”,2007) –, mas, como ele renunciou (em 11 de fevereiro de 2013) antes
de sua publicação, num gesto de solidariedade, o papa Francisco a concluiu.
Numa parte da encíclica, aparentando um momento de lucidez, o
texto mostra que a idolatria é o contrário da fé. Explica que os crentes em
ídolos são pessoas reticentes da sua própria esperança e não sabem a quem
serve. É contundente a crítica contumaz feita a uma igreja de um papa idólatra
e de um povo mais ainda subserviente às imagens de escultura. O intrigante é
que o mesmo papa que condena a idolatria nesta encíclica, vá até Aparecida e,
num gesto pagão, curva-se (adora) e beija a “padroeira do Brasil”.
Pra que você entenda o tamanho da contradição, segue o texto da
encíclica:
“A história de
Israel mostra-nos ainda a tentação da incredulidade, em que o povo caiu várias
vezes. Aparece aqui o contrário da fé: a idolatria. Enquanto Moisés fala com
Deus no Sinai, o povo não suporta o mistério do rosto divino escondido, não
suporta o tempo de espera. Por sua natureza, a fé pede para se renunciar à
posse imediata que a visão parece oferecer; é um convite para se abrir à fonte
da luz, respeitando o mistério próprio de um Rosto que pretende revelar-se de
forma pessoal e no momento oportuno. Martin Buber citava esta definição da
idolatria, dada pelo rabino de Kock: há idolatria, « quando um rosto se dirige
reverente a um rosto que não é rosto ». Em vez da fé em Deus, prefere-se
adorar o ídolo, cujo rosto se pode fixar e cuja origem é conhecida, porque foi
feito por nós. Diante do ídolo, não se corre o risco de uma possível chamada
que nos faça sair das próprias seguranças, porque os ídolos « têm boca, mas não
falam » (Sal 115, 5). Compreende-se assim que o ídolo é um pretexto para se
colocar a si mesmo no centro da realidade, na adoração da obra das próprias
mãos. Perdida a orientação fundamental que dá unidade à sua existência, o homem
dispersa-se na multiplicidade dos seus desejos; negando-se a esperar o tempo da
promessa, desintegra-se nos mil instantes da sua história. Por isso, a
idolatria é sempre politeísmo, movimento sem meta de um senhor para outro. A
idolatria não oferece um caminho, mas uma multiplicidade de veredas que não
conduzem a uma meta certa, antes se configuram como um labirinto. Quem não quer
confiar-se a Deus, deve ouvir as vozes dos muitos ídolos que lhe gritam: «
Confia-te a mim! » A fé, enquanto ligada à conversão, é o contrário da
idolatria: é separação dos ídolos para voltar ao Deus vivo, através de um
encontro pessoal. Acreditar significa confiar-se a um amor misericordioso que
sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência, que se mostra
poderoso na sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história. A fé
consiste na disponibilidade a deixar-se incessantemente transformar pela
chamada de Deus. Paradoxalmente, neste voltar-se continuamente para o Senhor, o
homem encontra uma estrada segura que o liberta do movimento dispersivo a que o
sujeitam os ídolos”.
A grande incógnita agora é – os católicos vão abandonar seus
ídolos e se converterem ao Deus vivo? E por que o Papa Francisco condenou a
idolatria, mas segue na prática de tamanho pecado?
Veja essa outra matéria, click no link abaixo:
http://robertodedeus.blogspot.com.br/2013/09/papa-francisco-quem-e.html
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