"E entrando, lhe disse: «Alegra-te, cheia
de graça, o Senhor está contigo»." (Lucas 1:28)
Há uma discussão muito grande no meio
apologético, se Maria era "cheia de graça" ou "agraciada".
Nós cremos que Maria
era cheia de graça, sim, assim como cremos que todos os cristãos (não apenas
Maria) que alcançam o favor divino são cheios da graça de Deus!
A verdade bíblica é que todos aqueles que são
preenchidos com a graça de Deus são "cheios de graça":
1º - Porque todos os cristãos são cheios do
Espírito Santo (At.4:8; 7:55; 13:9; 9:17; Lc.1:55; 1:67),
e isso não é uma exclusividade de Maria.
E, se ser cheio do Espírito Santo não significa
viver sem pecado, então ser cheio de graça também não significa ser sem pecado,
a não ser que o Espírito Santo seja algo inferior à graça.
2º - Porque Deus não nos dá do Seu Espírito ou da
Sua Graça de maneira limitada (Jo.3:34).
Todos nós recebemos da plenitude de Deus (Jo.1:16),
não apenas Maria.
3º - Porque Paulo disse aos efésios que Deus
"os encheu de graça" (Ef.2:6), e nem por isso eles viraram
imaculados.
4º - Porque o mesmo verbo que aparece a Maria
também aparece a Estêvão, na descrição bíblica de que este era "cheio de
graça" (At.6:8).
Mas isso não tornou Estêvão imaculado, nem antes e
nem depois daquele acontecimento.
5º - Porque Paulo diz que todos nós somos
abundantes em toda a graça (2Co.9:8).
Se nós temos abundantemente toda a graça, então nós
também somos "cheios de graça".
6º - Porque entre os apóstolos também havia
"abundante graça" (At.4:33), e, embora a palavra grega muitas vezes
represente algo transbordante (acima de "cheio"), isso não implica
que os apóstolos eram imaculados ou sem pecado.
7º - Porque João nos diz que todos nós recebemos
plenamente a graça de Deus (Jo.1:16).
Portanto, todos nós somos gratia plena, e não Maria
somente.
8º - Porque Paulo diz que a graça de Deus
superabundou sobre nós (1Tm.4:14; Rm.5:20), e tendo em vista que
"superabundar" é algo etimologicamente tão ou mais forte quanto estar
"cheio", fica claro que nós também somos cheios da graça divina.
9º - Porque muitas traduções católicas seguem a
maioria das versões evangélicas e também traduzem Lucas 1:28 por
"agraciada" ou "muito favorecida" (incluindo a New
Jerusalem Bible), e nem por isso os católicos dizem que essas traduções
católicas da Bíblia são tendenciosas, criminosas ou anticatólicas.
10º - Porque, mesmo na ilusão de que só Maria fosse
cheia de graça e mais ninguém, isso não implicaria que ela fosse imaculada, visto
que ser cheio de graça não implica em não ter pecado, assim como ser cheio do
Espírito Santo não implica em não pecar mais. Ou será que o Espírito Santo é
incapaz de realizar algo que a graça sozinha faz?
Maria era cheia de graça.
E os demais cristãos?
TAMBÉM.
Ninguém pode dizer que a graça em Maria foi maior
do que em qualquer outro ser humano. Deus não calcula a "quantidade"
de graça,
ELE É SEMPRE GENEROSO E TOTAL EM SUA ENTREGA
AMOROSA.
Ele nos derramou "abundante graça"
(At.4:33),
"superabundante graça" (1Tm.4:14;
Rm.5:20),
"graça sobre graça" (Jo.1:16),
"plenitude" (Jo.1:16),
"toda a graça" (2Co.9:8),
nos "encheu de toda a graça" (Ef.2:6)
para sermos "cheios de graça" (At.6:8).
Todas essas passagens não se aplicam somente a
Maria, mas o texto bíblico se aplica a todos os cristãos (2Co.9:8; Ef.2:6), aos
apóstolos (At.4:33), a Estêvão (At.6:8), e também a Maria (Lc.1:28).
Os católicos costumam se apegar unicamente no texto
que fala sobre Maria porque é o único que lhes interessa na formulação de suas
falsas doutrinas e de seus dogmas heréticos. Mas que isso fique claro: até
mesmo essa apegação única a Lucas 1:28 é uma interpretação tendenciosa, sem
critério, desprovida de exegese e apelativa.
Seria mais fácil eles abandonarem seus "argumentos
bíblicos" e admitirem que não os tem (como já fazem em outros assuntos),
apelando somente para o seu bode expiatório chamado de "tradição
oral", do que passarem vergonha tentando deturpar a Bíblia com
interpretações forçadas que vão além daquilo que o texto bíblico diz.
Por Lucas Banzoli
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